A itinerância brasiliense

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Chilli no trailer, camisetas na kombi, som na kombi. Esta era a comissão de frente da inauguração da 5Norte, ontem à noite. Mais que boas-vindas. Além das lindezas e delícias que dali saíam, essas preciosidades sobre rodas deixavam no ar uma itinerância retrô que combinava com o por-do-sol de inicinho da seca. Fiquei ali olhando essa cena – e minha cabeça viajou em mil sentidos.

Como a gente gosta dessa impermanência, né, Brasília?

Fiquei pensando em quantos milhares de bares, lojas, restaurantes, boates já abriram as portas nessa cidade, se consolidaram com força, com os dois pés, por anos a fio – e a gente se disse “ah, esse é pra sempre”, “ah, é que nem o Beirute”, e daí a um ano ou dois, a decadência, portas fechadas.

Fiquei pensando em como Brasília tem moda. Hoje é essa quadra que bomba, amanhã é outra, depois de amanhã o charme é em outro canto. E o “antenado”, o “descolado” (como dizem meus filhos) é aquele cara que sabe o que está rolando, sabe em que sentido está indo o fluxo, sabe “onde está bom”.

Daí pensei que o brasiliense não sai simplesmente de casa, não sai assim impunemente pra ir num restaurante ou bar qualquer – o brasiliense quer saber “onde está bom”. “O que está rolando”. Tirando o Beirute, claro. O Beirute sempre “está bom”.

Fiquei pensando na nossa onda de festas. Brasiliense não vai pra boate, gente. Vai pra festa. Um dia num canto, um dia no outro. Uma proposta nova, uma decoração diferente. Até quando não é boate, mas é festa sempre no mesmo dia, no mesmo lugar, o brasiliense enjoa. Não é mesmo, Criolina?

Fiquei pensando que isso tem a ver com a transitoriedade mesmo da cidade. Essa chegada e partida constante desde sempre, os candangos chegando meio-que-de-passagem-meio-que-pra-sempre, gente que mora aqui um ano, dois anos, e se manda. Que é outra versão da impaciência que tem todo brasiliense nascido e criado de querer experimentar, de morar pelo menos um tempinho em outras paragens.

Fiquei ali, olhando um trailer e duas kombis carregados de alegria, e pensando nessas coisas todas. Uma cidade sobre rodas.

PS: Foto perfeitamente perfeita devidamente roubada da 5Norte.

PS1: Quer saber “o que rola”? Baile do Almeidinha hoje e Feira 102 especial UnB amanhã, além dos eventinhos moda de que já falamos. Ah, e nos dois dias rola também a Feira do Mel do Jardim Botânico, das 9h às 17h – um evento delicioso e muito divertido pras crianças.

2 respostas em “A itinerância brasiliense

  1. Essa coisa da festa é mesmo bem Brasília, né? Eu e o Luiz, meu marido, nos conhecemos na Play!, em 2009, e a festa continua rolando toda sexta-feira no mesmo lugar, o clube da Asceb. Onde, aliás, fomos sábado passado numa festa show de bola nos quesitos música, animação e organização. Festinha da galera do Criolina em homenagem ao Caetano Veloso. Onde já se viu fazer festa com música de Caetano rolar até altas madrugadas com todo mundo cantando e dançando loucamente? Só em Brasília, mesmo!!!

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