Celebrar incrivelmente – sem precisar saber cozinhar

laemcasa

É uma das minhas resoluções de ano novo: ter mais meus amigos em casa.

Comer melhor. Transformar bolos, tortas, saladas e pães num jeito bem meu de distribuir amor. Criar conexões pelas comidinhas. Despertar aquele olhar que meus filhotes me lançam na primeira mordida num cookie ou num bolo que acabei de tirar do forno – e que me lembra, lá de longe, a primeira vez que amamentei e que entendi que amor e comida são quase a mesma coisa.

Mas cozinhar é todo um processo, né? Nem sempre fica bom, assim, quando a gente ainda está aprendendo. E tem que fazer compra, tem que ter tempo, ter calma, ter paciência, tem que arrumar tudo depois. Às vezes, a vontade de ter gente em casa e celebrar a alegria da vida se perde no meio desse processo.

Pois outro dia, totalmente por acaso, encontrei uma novidade na 208 sul que pode ser a ponte entre o carinho e o cuidado da comida amorosa de casa e a celebração com os amigos sem precisar passar pela cozinha.

Lá em casa cuisine é o que os franceses chamam de traiteur: uma empresa que cozinha no seu lugar. Exatamente no seu lugar. Com o carinho e a preocupação com os detalhes que você teria. Com os vegetais frescos e a dose equilibrada de açúcar que você colocaria pra destacar melhor o sabor das frutas. É o que o quase homônimo Coma lá em casa prega – só que ao invés de te inspirar, o traiteur faz no seu lugar.

As meninas até colocaram umas mesinhas ali, instalaram uma bela máquina de café, fizeram um menu de almoço – mas juram que a proposta não é se tornar um restaurante, até porque nem têm espaço pra isso. O que elas querem mesmo é que a gente abuse das delícias delas pra fazer das nossas casas o melhor lugar de encontro.

Adoro a ideia, mas lanço mais uma: se um dia você chegar por lá e a loja estiver lotada, tenha a postos uma toalha de piquenique. A 208 Sul, assim como Brasília inteira, é um eterno convite a almoços a céu aberto.

Isso, claro, assim que o dilúvio passar.

Bora?
Lá em Casa Cuisine d’Amis Traiteur
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábados, das 9h às 13h
CLS 208 Bloco C Loja 20
3710-9700

Preparando a fantasia

camisetasuvaco

Não sei vocês, mas desde segunda-feira que meus grupos de whatsapp só têm um assunto: as fantasias pro Suvaco, que acontece este sábado. Não se preocupem que não vou spoilar ninguém – mas que as indumentárias prometem, ah, prometem.

Se você estiver sem ideias, ou se simplesmente quiser manifestar seu amor e seu reconhecimento ao bloco mais demais da cidade, uma excelente opção é comprar a camiseta do Suvaco.

Todo mundo sabe, mas não custa repetir: precisar comprar, não precisa. O Suvaco é um bloco totalmente, completamente e olindamente livre, aberto, universal. Quer ser feliz?, quer frevar?, quer sentir o carnaval correndo nas suas veias?, é só chegar.

Porém, colocar o bloco na rua dá trabalho e custa dinheiro – e pra financiar a parada precisamos vender camisetas. Tanto melhor que são essas camisetas lindas de amor, design do Leo Barbalho querido. Tanto melhor ainda que a galera mais feliz e animada da cidade está vendendo as camisetas nos bares que amamos, de amanhã até o grande dia, no sábado.

Bora comprar a camiseta – mas bora, sobretudo, se organizar pro desfile mais bonito do ano. Sábado é o dia da alegria.

Bora?
Suvaco da Asa Sábado, 31 de janeiro
Concentração a partir das 9h, saída do desfile às 13h
Quiosque da Codorna, Cruzeiro Velho, comercial da Quadra 10

Camisetas do Suvaco à venda direto no Bar Raízes (408 Norte), La Ursa (Setor Bancário Norte) e no Quiosque da Codorna. Na quinta, à venda também a partir das 19h30 no Beirute Sul (109 Sul). Na sexta, também à partir das 19h30 no Beirute Norte (107 Norte) e Paulicéia (113 Sul). À venda ainda no sábado, na concentração do bloco.

Encaretamos?

desbunde

Foi o palpitante debate ontem na porta do teatro, depois da peça Desbunde, em cartaz até domingo na Funarte.

Como de hábito, fui parar no teatro no susto – minhas santas amigas que não me deixam esquecer que isso existe. Perguntei o que íamos ver já na porta: uma peça baseada na história dos Dzi Croquettes, o grupo cênico-musical-revolucionário que tocou o terror em plena ditadura, militando pela liberdade sexual, liberdade de expressão, liberdade estética, liberdade de tudo.

A peça tem toda a trilha musical, a ambientação, a coreografia, o figurino, o humor, as purpurinas, os paetês e a subversão que se espera de um espetáculo sobre os Dzi. Tem todas as doses de exposição do corpo e de provocação ao público também. É um passeio pela história desse grupo revolucionário mas também um passeio pela nossa reação a ele. A tudo o que nos incomoda, que nos choca e nos tira do lugar.

Se tivéssemos nascido trinta anos atrás, como a gente reagiria aos Dzi? Como reagimos hoje? Estamos preparados pra esse desbunde?

Vá lá na Funarte e ouse responder.

Ah, e no domingo tem grande oportunidade de desbundar também na Festa Latina do Espaço Ferrugem. Música latina, a coleção linda da Ferrugem com preços especiais e toda a intensidade dessa galera do amor.

Bora?
Desbunde
Até domingo, 25/01, hoje e amanhã, 21h, domingo, 20h
R$ 20
18 anos

Festa Latina
Domingo, 25/01, a partir das 15h
Espaço Ferrugem
QE 19 Conjunto J Casa 11

Quinta é quase sexta

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Em primeiro lugar, permita-me discorrer sobre o conceito que cunhei sobre música-boa. Segundo eu mesma, música-boa é aquela de que você gosta. Ponto. Aquela que você cresceu ouvindo. Ponto. Aquela que embalou as festinhas que você guarda na memória, seu romance de adolescência, a aventura que fez com seus amigos. Ponto.

O que acontece quando você sai do seu habitat natural é que você pode passar uma vida procurando um lugar que toque música-boa – sem encontrar. Eu fui a bares que tocam música incrível em vários lugares por aí – e amei descobrir milhares de outros sons, outras trilhas sonoras. Mas chegar num canto, relaxar, ficar feliz, reparar na música e se dar conta feliz da vida que estão engatando uma sequência interminável de música-boa, pra mim, só aqui. Foi o que rolou quando conheci o Santuário.

Preciso dizer que achei o lugar incrível. A arquitetura incrível, a decoração incrível, o balcão incrível, a oferta de cervejas incrível. Na trilha sonora, adivinha?, música-boa. Só música-boa.

A única coisa difícil de lidar no Santuário, mas difícil mesmo, é o preço. Porque é caro. Mas é caro. Mas é caro mesmo. Um chopp de 300ml custa entre dez e, sei lá, 28 contos. Tá certo, são só cervejas artesanais, vinte chopps diferentes vindos de toda parte do mundo, tal e coisa – eu até entendo. Mas é caro mesmo assim.

A oferta diferenciadíssima de títulos cervejeiros talvez devesse estar lá no começo do texto se isso fosse uma matéria jornalística, mas a blogueira sincera ataca novamente e preciso dizer que não entendo nada de cervejas com toques amadeirados, notas de amêndoas e sei lá o que. Eu provo e acho bom ou não acho bom. Ponto.

[E nisso o Santuário manda bem, porque rolam mini-cervejinhas com a metade do tamanho e a metade exata do preço, o que permite desavisados como eu provar o que bem entendem sem deixar os dois olhos da cara na saída – a gente deixa um só, brinqs!]

Provei várias cervejas gostosas, outras que me deixaram instantaneamente doidona, uma com gosto esquisito. Vi um monte de gente bacana, troquei altas ideias com a galera do bar, me senti em casa, comi uma empanada deliciosa, ouvi um extenso e delicioso repertório de música-boa. Ou seja, amei o Santuário e vou voltar mil vezes.

Ai, meu bolso.

Bora?
Santuário 
CLN 214, bloco C, loja 27
3039-5667
Segunda a sábado do meio-dia à 1h da manhã

Carnaval e bike – de brinde, o verão

biciclobloco

Alalaô-ô-ô-ô-ô-ô-ô, mas que calooooooooooooooooor!

E esse janeiro, hein? Sol escaldante até quase oito da noite, dias lindos, um calor sem igual. Quem desembarca da praia pode engatar a quinta e continuar curtindo o lago, piscinas, sorvete e bike. Talvez não seja o melhor clima do mundo pra retomar o ritmo e a rotina mas afinal… quem quer isso, no final das contas?

Até porque daqui a pouco é carnavaaaal! E este domingo tem um evento que vai te lembrar disso. Um evento que é tudo ao mesmo tempo: verão, bike e carnaval.

O Bicicobloco, um bloco de carnaval que invade a cidade em cima de bicicletas, faz seu primeiro ensaio junto com a turma do Experimente – sobre bicicletas, no eixão, tendo as nuvenzinhas como companheiras.

O bloco foi criado por três artistas que começaram essa festa como intervenção artística, dentro de um museu. Este é o quarto ano que a iniciativa ganha as ruas da cidade.

No carnaval do ano passado, toda a nossa turma lá de casa se empolgou e decidimos acompanhar as pedaladas dessa galera fantasiada. Chegamos meio tímidos, sem saber se conheceríamos alguém, e saímos do desfile cheios de amigos, felizes da vida de participar dessa verdadeira festa ambulante.

Muito lindo ver como a música, as cores e a alegria dessa turma vai despertando a curiosidade e a animação de quem está por aí. Muito legal ver que o bicicobloco é muito mais que um carnaval – é carnaval, pedaladas, música e brincadeira, mas é também ocupação da cidade.

O desfile mesmo é no domingo de carnaval, mas este domingo agora tem ensaio aberto. Sua bike, seu skate, seus patins e sua alegria são muito bem-vindos.

Bora?
Bicicobloco
Domingo, 25 de janeiro, a partir das 15h
Eixão Norte, altura da 215 e 214 na barraca do Experimente Brasília
Concentração às 15h, saída às 16h, em direção ao Buraco do Tatu
Informações: 84057705 (Experimente Brasília), 8411 1422 (Luiz Oliviéri), 8112 2563 (Adriana Cascaes), 8124 5547 (Pedro Sangeon)

Um presente para os deboístas

RESPIRE

Você descobre que está profundamente deboísta quando passa em revista todos os mil e quinhentos filmes do Netflix e acha que já viu tudo o que te interessa. Quando nem os lançamentos Now te enchem mais os olhos. Cinema, já foi tudo. Seu livro Devagar está devagarzinho chegando ao fim.

Mas aí vem a notícia deboísta da semana: o Meu Festival de Filmes Franceses!

Quem teve essa ideia foi um gênio, sério. São curta-metragens e dez filmes lançados no ano passado, além de um filme belga e um clássico. O festival tem premiação do juri e da audiência – da qual, claro, você vai poder participar online.

A partir de sexta-feira e até 16 de fevereiro, você entra aqui, escolhe o filme e dá play. Tudo legendadinho. De graça da silva.

Tchau, vida social.

Almoço de domingo

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Existe um vácuo afetivo na minha vida que é o quintal da antiga casa dos meus pais, onde vivi os vinte anos que separaram minha pré-adolescência para a entrada definitiva na vida adulta. Guardo todas as recordações possíveis dos longos e lentos almoços de domingo, do sol se pondo aos pouquinhos e pintando de rosa céu e árvores, da sinfonia dos passarinhos.

A cozinha do apartamento da mamãe agora faz as vezes de churrasqueira – e o gramado gostoso lá embaixo virou o nosso quintal. Mas às vezes dá saudade de um quintal de verdade. Comer debaixo das árvores – nosso um almoço ecológico, como minha mãe chamava, ou álcool-lógico, como meu pai emendava, trazendo as cervejas ou o vinho.

Quando ela sugeriu um almoço ao ar livre, puxei na memória o Empório da Mata, um lugar que conheci logo que voltei a Brasília e que se parece muito, mas muito mesmo, com almoçar no quintal da minha mãe.

As mesas no quintal debaixo do ombrelone, os sucos frescos que lembram o carinho dela e a preocupação com as cinco frutas e verduras por dia, comidinhas confortáveis e que aquecem o coração, cheias de arroz cremoso, molhos ricos de frutas, uma massa fofinha e delicada – sem falar nas sobremesas tipicamente maternas, ou voternas, transbordantes de calorias e alegrias.

Tem balanço na árvore pros pequenos, patinhos desfilando no final do jardim, brisa, sol se pondo lá ao longe, pai contando os causos da semana, mãe oferecendo acerola que ela tem sobrando na geladeira, irmã combinando de pegar sol no Lago, filho brigando pelo balanço de pneu, mãe reclamando que o pai fala alto no telefone. Assim: almoço de domingo.

Bora?
Empório da Mata
Setor Jardim Botânico, Condomínio Mansões Mata da Anta
Mapa aqui
3427-1312

Um ano desacelerado e verdadeiro

foto (18)

Não foi exatamente uma bronca, mas foi a Bebel, do Objeto Encontrado, que me lembrou: o ano começou – e começou mesmo! – e a gente ainda nem veio aqui dar um beijo em vocês.

Nem esperem como explicação alguma viagem mirabolante ou a correria do fim do ano, sabe como é, tanta coisa pra fazer. A gente esteve ausente exatamente pelo motivo contrário. Estamos de boa. Praticando o deboísmo.

Viajamos de leve, voltamos logo, engatamos relacionamentos sérios com nossos livrinhos, enfileiramos dezenas de filmes no Netflix, demos voltas de bicicleta, no máximo tomamos um sorvete ou um chopp no meio dessas tardes escaldantes. Marcha lenta mesmo.

Talvez tenha a ver com o livro que inaugurou meu ano, Devagar, do Carl Honoré. O livro conta a saga de um jornalista em busca de desaceleração. Ele segue a trilha dos movimentos espalhados pelo mundo como o SlowFood e o Città Slow, que pregam uma relação mais pausada e de melhor qualidade com a alimentação e o urbanismo, se estendendo para vários outros campos da vida: o esporte, a relação com o outro, o sexo.

Nada que a gente não saiba, mas é muito bom abrir os horizontes para todos os campos de vida em que podemos pegar mais leve. Ler a descrição detalhada que ele faz de uma refeição devagar, no interior da Itália, levou meus sentidos a uma viagem tão profunda que eu até sonhei com sabores, cheiros, texturas…

Brasília convida a esse movimento. Quando li a parte sobre urbanismo, quando ouço São Paulo exaltando reformas urbanas para implementar espaços-parque no meio da cidade, dou um risinho interno pensando nas nossas árvores, nas nossas sombras, nas nossas frutas, nos parquinhos das nossas quadras, na nossa ciclovia. Aqui em Brasília, está tudo aí.

A vida pode ser simples, não é mesmo? Que a gente se lembre disso em cada dia desse novo ano.