Duelo de fofices

A gente está fingindo que não, mas amanhã já é dezembro. E por menos que a gente queira, está na hora de começar a pensar na inevitável lista de presentes.

Isso mesmo: inevitável. Você quer pagar de anti-consumista e desapegado – até sua melhor amiga te surpreender com um supermimo pensado especialmente pra você e você ficar com a maior cara de tacho.

Mas as compras natalinas não precisam ser um suplício. Você não precisa – nem deve – se internar num shopping com ar condicionado e sair de lá pendurado de sacolas. Ainda mais agora, que o sol se lembrou que Brasília existe.

Seguinte: este final de semana rolam coletivos de criativos nas duas lojas mais fofas da cidade – para ser democrático, uma na Asa Norte, outra na Asa Sul.

Amanhã a Endossa realiza o Sábado Misturado, com as várias marcas da loja colaborativa que você já conhece, embaladas por oficina de origami, música, comidinhas e bebidinhas.

No domingo é a vez do Cobogó abrir as portas para os acessórios da querida Thais Joi, que faz uma super venda de Natal. Vai ter também exposição de fotos, música, drinks e, para as crianças, o tradicional parquinho da árvore mais querida da cidade. Sem falar naquele café fofo, que já é naturalmente uma excelente pedida para um café da manhã preguiçoso.

Então vamos lá: antes agora que depois. Até pra não acabar dando um kit do Boticário pra cada amigo amado – o que não é necessariamente mau, mas você pode fazer melhor do que isso.

Bora?
Sábado misturado na Endossa
CLS 307, bloco A, loja 33
Sábado, 1o. de dezembro, a partir das 15h

Domingo com Thais Joi no Cobogó
SCRN 704/705, bloco E, lojas 51/56
Domingo, 2 de dezembro, das 10h às 19h

Um festival todinho só deles

Durante um tempo, tinha vergonha de admitir que eu costumava gostar mais dos curtas do que dos longas no Festival de Brasília. Naqueles anos de UnB, tentei ser cult e gostar dos filmes do Bressane, daquelas tomadas de 25 minutos focando a maçã, sozinha, em cima da mesa. Mas não teve muito jeito. A minha expectativa maior era com os filmes de abertura, os que tinham de dizer alguma coisa importante em pouquíssimo tempo. E vários disseram.

Desde aquela época, me afeiçoei pela objetividade dos curtas. E adorei saber que a cidade tem, agora, um lugar só deles: é o Festival Curta Brasília, que começa hoje e vai até domingo, na Sala Martins Pena. São mais de 50 filmes, e 19 só de Brasília – uma nova leva de cineastas aparecendo, que bom.

De fora, dois estão na minha lista: A Dama do Estácio, com a Fernanda Montenegro no papel de uma prostituta obcecada com a ideia de que vai morrer, e o Vestido de Laerte, com o cartunista percorrendo São Paulo em busca de um certificado. Nem sei que certificado é esse, mas o Laerte é o máximo, já basta.

E tem ainda programação infantil, pros filhos, e festa no La Ursa, pros pais. Como todo festival de cinema que se preze, esse também vai ter pista de dança.

Bora?
Festival Curta Brasília
29/11 a 02/12
Sala Martins Pena – Teatro Nacional
Programação: aqui
Entrada gratuita

Festa Curta Brasília
Sábado, a partir das 23h
La Ursa – Setor Bancário Norte
Entrada: R$ 10 (R$ 5 para quem apresentar um canhoto de ingresso do festival)
DJs: Raven, Telma & Selma, Bianca e Morale, Wild Valenti, Manu Santos.

Uma expo ao invés de vitrines

Algo me chama a atenção cada vez que vou numa exposição aqui em Brasília: como somos poucos.

Mesmo o Gormley: tendo em vista a amplitude do trabalho do cara e que a exposição é toda de graça, somos, sim, poucos. No resto, nem se fala. Fui ver a Pneumática que estava em cartaz na Caixa e só tinha eu.

Não estou com isso dizendo que Brasília é cheia de exposições imperdíveis – mas há muita coisa interessante sendo mostrada por aí. Há muita coisa nova aparecendo, e obras de uma geração que representa honrosamente a cidade – e que merece sua visita muito mais do que as vitrines dos shoppings da cidade que, taí, vivem lotados.

A Clarice Gonçalves, que já tem fãs entre os modernos da capital, está expondo esta semana em um espaço inusitado e que eu quero muito conhecer. As edições da mostra Brasília Contemporânea acontecem em um prédio residencial da 307 Norte que funciona como galeria – galeria mesmo, o que significa que as telas estão todas à venda.

No espaço cultural Renato Russo acontece até fevereiro a mostra de desenhistas argentinos “Tivemos que fazer rir” (“Nos tocó hacer reír”), com reproduções monumentais de nomes como Quino, o criador da Mafalda – e mais uma centena de outros cartunistas. A mostra sobre histórias em quadrinhos foi criada para representar a Argentina na feira de livro de Frankfurt, na Alemanha, e agora roda o Brasil contando como o humor foi – e continua sendo – a melhor resposta dos argentinos aos momentos mais difíceis de sua história, como a ditadura.

Isso sem falar nas salas de exposição da cidade mantidas por entidades públicas, como o CCBB, a Caixa Cultural e o Museu dos Correios. Temos sorte dessas instituições continuarem apostando na cultura apesar da nossa baixa audiência.

É uma questão de hábito mesmo – que para ser mudado, exige uma mudança de posição. Se um dia um doido não tivesse inventado de mandar a gente parar em cada faixa de pedestre da cidade, talvez essa cultura nunca tivesse sido criada. No caso da arte, não precisa – e nem cabe – uma lei para isso. Basta vontade de gastar nosso tempo desenvolvendo um senso crítico, nos deixando tocar pelo que os artistas dizem sem palavras.

Vá ver uma expo. Você – e a cidade – só tem a ganhar.

Bora?
Aos passos, mostra de Clarice Gonçalves
Até domingo, 2 de dezembro
SQN 307, Bloco I – Salão Térreo
Info: 9369-5002 / 8304-5386

Tivemos que fazer rir (Nos tocó hacer reír)
Até 3 de fevereiro, diariamente das 9h às 18h
Galeria Rubem Valentim – Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul)

Além, claro, da programação do CCBB, Caixa Cultural, Museu dos Correios

Fred, Moraes e Nicolas: até mais tarde

Você sabia que o Fred Zero Quatro, vocalista do Mundo Livre S/A e um dos fundadores do Mangue Beat, já participou do MR8, o Movimento Revolucionário 8 de Outubro, que deu o que falar na ditadura? Taí, eu não sabia, e esse detalhe me deixou mais curiosa pra ouvir essa pessoa no Sarau de Ideias de hoje, no CCBB.

O tema do encontro vai ser o Mangue Beat, e a importância desse movimento pra música brasileira, e vai ter também Moraes Moreira e mediação do poeta Nicolas Behr – outros dois com quem eu teria vontade de conversar embaixo do bloco, se no meu bloco eles morassem.

Desde maio, o Sarau de Ideias discute os movimentos culturais do Brasil que surgiram depois da Semana de Arte de 1922. Já passaram por lá de Fausto Fawcett a Jards Macalé, de Miúcha a Roberto Menescal. Se você ainda não foi, ou mesmo que já tenha ido, aproveita pra aparecer lá hoje porque este vai ser o último sarau (do ano, espero. hein, CCBB?).

Bora?
Sarau de Ideias
Hoje (27), às 19h30
CCBB – no espaço em frente ao bistrô Bom Demais
Com Fred Zero Quatro e Moraes Moreira, e mediação de Nicolas Behr
Tema: Mangue Beat
Entrada gratuita – é preciso retirar senha, que é distribuída a partir das 18h30.

Chega logo, quinta!

Tá aí uma iniciativa que tem tudo a ver com a proposta deste blog. É tudo o que a gente mais acredita: que a cidade está aí fora im-plo-ran-do para ser ocupada. E nesta quinta-feira teremos uma grande oportunidade.

É que um grupo de agitadores muito bem-intencionado armou essa iniciativa que promete abalar as estruturas. Às seis da tarde, quando normalmente os setores centrais da cidade começam a ficar desertos, com trabalhadores saindo para dar lugar ao abandono e à marginalidade, nós vamos invadir o Setor Bancário Norte com música, festa, alegria e arte.

Eu digo “nós” não porque a gente faça parte da organização – mas porque a ideia é essa mesmo: estarmos todos incluídos, sermos parte, construirmos juntos iniciativas como essa. E, claro, porque nós não vamos perder de jeito nenhum.

O pessoal do Criolina, djs, artistas que vão expor suas peças num bazar, intervenções artísticas, vai ter de tudo. Principalmente gente como a gente, muito a fim de se divertir e de ocupar a cidade.

Bora?
Ocupe o centro
Quinta, 29 de novembro
A partir das 18h, no Setor Bancário Norte

Edição: Gente!, eu tinha errado a data! Dêem o desconto, é segunda-feira.

Corre lá!

A gente normalmente não publica aos finais de semana. Mas se tem alguém aí me ouvindo – alôoooo, teeeeeste, sooooom – não percam a feira de artesanato mais linda da cidade, que acontece até domingo. Tá vendo essa lindeza?, foi lá mesmo que eu achei. Perca não.

Bora?
A arte do encontro
Hoje, até 20h
SHIN QI 14 conj 08 casa 23

Fui comprar um queijo e surtei

Tem coisas que só uma amiga chef de cozinha faz por você. Ela me chamou pra esse programa: conhecer uma loja na Ceasa, no sábado de manhã. Hein? Ceasa? Sábado? MANHÃ? Essa amiga às vezes tem uma esperança acima do razoável em mim, mas desta vez deu certo, eu empolguei. E logo que entrei na tal da loja, chamada Casa de Doces e Queijos, senti que tinha acontecido, de novo: eu estava em surto psicótico.

Os olhos ficam meio arregalados, dispersos, você fica paralisada, não ouve mais o que a sua amiga tá falando e responde “aham” várias vezes, só pra constar. Foi nesse estado de transe que eu entrei na loja que reúne todas, todas as coisas gostosas que a gente pode usar na cozinha – dos ingredientes e temperos mais simples aos mais sofisticados, raros e gringos. Com a diferença maravilhosa de ser bem mais barato do que em qualquer supermercado ou empório da cidade.

Comecei a sentir os sintomas na seção de nozes, pistaches, figos, macadâmias e todo o resto que você pode imaginar. Tudo a granel e self-service. O descontrole aumentou na parte de queijos – são trocentos tipos, do mais fino feito com leite de ovelha francesa ao nosso querido queijo coalho. Surto em nível máximo.

A minha amiga mandou e eu obedeci: levei uma burrata de búfula fresquíssima que comi rezando (to falando muito sério: prove isso, já!). A maravilha, lá, custa R$ 40,95 o quilo. Num empório da asa sul, achei por R$ 62.

Quando eu já tinha perdido o resto de noção, veio a seção de vinagres, sais e azeites – trufados, aromatizados, perfumados. Pensei: ou vou embora desse lugar agora, ou tá tudo acabado. Eu fui embora, mas já estava tudo acabado de qualquer jeito.

A loja é pequena e completamente lotada de coisas. Isso exige um pouco mais da sua paciência, principalmente se você tiver ido no sábado de manhã cedo, quando a Ceasa ferve. Se quiser evitar algumas cotoveladas e fila no caixa, vá durante a semana (no sábado, mais pra hora do almoço, também é mais tranquilo).

Ou se bater desejo de um queijo especial, de um azeite incrível, basta ligar e eles entregam na sua casa. Mas o melhor mesmo é ir lá e ver tudo de perto, provar um monte e surtar.

     

Bora?
Casa de Doces e Queijos
Ceasa, ao lado da Feira dos Importados
Segunda a sexta, de 7h às 18h.
Sábado, até as 14h. Domingo fecha.
(vai cedinho se quiser aproveitar e levar frutas orgânicas e flores mais baratas)
Tel. 3234-1008 e 3363-2930
Entrega em domicílio – compras a partir de R$ 60.

Feira do Guará
Box 505/506
Quarta a domingo, de 8h às 18h.
Tel. 3382-5018