Festa junina na comercial tem DJ

Há meses, a reclamação noturna mais repetida pelas pessoas ao meu redor costumava ser a falta de um lugar onde se pudesse comer bem, beber bem e ouvir música legal. Um lugar que não desse sono, que não tivesse uma luz branca arrancando o charme (do próprio lugar e das pessoas). Aí surgiu o Loca como tu Madre, que preencheu esses quesitos e mais outro: a criatividade de criar pequenos eventos e ser um pouco diferente todo dia.

Este domingo o programa é bacana. Arraiá do Loca, com os DJs Daniel Black e Luciana Duanny tocando música brasileira da boa. Às 16 horas, começa a canjica, o milho verde, o cachorro-quente e tudo aquilo que São João permite. Toalhas de piquenique são bem-vindas, diz o convite. Também vai ter arrecadação de casacos pra doação: quem levar, ganha um chope ou um quentão.

Restaurante sofisticado, bar descontraído, noite de jazz, esquenta pra festa. Isso poderia dar em crise de identidade, mas não: é múltipla personalidade, e isso é ótimo. Se quer uma sugestão: o mojito, ou o carpaccio com chips de batata baroa, ou o fettuccine de tinta de lula com queijo de cabra, ou tudo junto.

Os projetos de música que acontecem por lá, com couvert de R$ 3:

Terças e sábados – Os Discotecários: DJs Luciana Duanny e Mario Victor tocam só vinil, com jazz, blues e bossa.
Quartas – Loca Celebrities: DJ Daniel Black e um convidado que não é DJ, mas tem muita música pra compartilhar.
Quintas – Champanharia: um DJ diferente a cada semana, com o espumante Gran Legado a R$ 45.
Sextas – Mi Casa Su Casa: DJ Wash e jazz lounge.

          

Bora?
Arraiá do Loca – domingo,1/07, a partir das 16h
Loca como tu Madre
306 sul – bloco C
Aberto de terça a sab. (12h às 15h e 19h à 1h) e aos domingos (12h às 19h)
Tel. 3244-5828

O paraíso da velharia

Esse é o tipo de loja que me deixa confusa e me faz sofrer. Veja que não me importo de passar esse tipo de sofrimento pra frente, portanto, aí vai: a Relicário Antiguidades é um paraíso pra quem gosta de velharia, como um amigo insensível chama meus objetos de desejo (ei, é você mesmo). O lugar é imenso, vá com tempo. É um galpão com centenas de móveis, peças de decoração e quinquilharias de todos os tipos.

Tive uma paixão reprimida nesse lugar. Uma cadeira estilo xerife, de madeira e com estofado de couro vinho, linda de morrer. Estava a ponto de cometer uma loucura quando o vendedor, certo de que iria me conquistar de vez, revelou que a cadeira havia pertencido a um tal militar ex-presidente da República. Vivo divulgando que sou 100% cética, mas nunca se sabe, né. Por via das dúvidas, achei melhor afastar essa urucubaca da ditadura da minha casa.

Voltando ao sofrimento… O problema da loja é a quantidade de coisas lindas e os preços quase nunca generosos. Gostar de antiguidade é um destino cruel, ainda mais em Brasília, cidade jovem e com poucos objetos antigos dando sopa por aí, o que naturalmente inflaciona o mercado.

Na Relicário, pelo menos, é possível pechinchar – a mãe da dona, que está sempre por lá, parece ser dura na queda, mas tem disposição pra negociar. Além disso, eles costumam promover leilões de vez em quando, vale ficar de olho. É de lá que saiu essa penteadeira linda da foto, que hoje mora na casa da minha irmã.

Bora?
Relicário Antiguidades
508 sul – Bl B (tem entrada pela w3 e pela w2)
De seg. a sex., das 9h às 18h, e sáb., das 9h às 14h
Tel. 3443-0125

O que você vai fazer domingo?


 

 

 

 

 

 

 

Vai andar de bicicleta no eixão!

Já estou até ouvindo as desculpas: eu nem sei andar direito! Eu não tenho bicicleta! Eu moro longe, não tem jeito de levar todas as bicicletas da família até lá!

Certo, tudo isso pode mesmo ser uma trabalheira. Mas ainda assim o eixão dia de domingo vale a pena.

Não preciso falar que as seis pistas são fechadas para o tráfego, certo?, aqui estamos todos em casa. Mas o que talvez você nunca tenha pensado é você não precisa necessariamente de uma bici pra curtir esse espaço.

Olha quantas árvores ao redor! Já pensou em fazer um piquenique enquanto os pequenos andam de bicicleta, patins, patinete? Levar um livro para ler, amarrar uma rede nas árvores… Por que não? Aliás, quando foi a última vez que você subiu em uma árvore? Já ensinou seus filhos a fazer isso?

Sentado, olhando o movimento, você certamente vai encontrar um monte de gente que não via há um tempão. Vai comprar um picolé do tio que passa com seu bike-carrinho. Vai passar uma manhã deliciosa.

E, para quem não sabe, a descidona do final da asa norte – lá pela altura da 16 – se tornou um verdadeiro point aos domingos. Skatistas e longboarders vão aproveitar o cenário perfeito para seus passeios e manobras. As famílias se agregam nos gramados ao redor, tem gente vendendo água de coco… É como o Parque da Cidade, com a (enorme) vantagem de ser mais espaçoso e você não ter que ficar esbarrando em ninguém.

Agora… que a bicicleta no eixão num domingo de sol é uma experiência deliciosa a ser vivida, isso é. Por que ninguém teve ainda a brilhante ideia de alugar bicicletas para ciclistas desejosos e desprovidos de bikes? Algum empresário aí me ouvindo, hein? Cara, você vai ficar rico com essa minha ideia – e, juro, nem vou te cobrar direitos autorais.

Uma loja, mil mãos

Sou meio vidente e vou agora prever seus sonhos mais profundos: você sonha em… encontrar um canal de vendas para fazer chegar até consumidores bacanas e antenados sua produção artística, seus artigos vintage ou produtos de outras pessoas, que você importa ou revende. Se identificou?

É clássico: quem é que não sonha em ter um negocinho e viver do que mais adora fazer? O problema é arrumar a coragem de fazer todos os investimentos que o empreendedorismo exige.

É por isso que eu acho a loja colaborativa Endossa a ideia do século. Um espaço completamente modulável onde você pode alugar desde um box pequeno – a R$ 160 por mês – até araras inteiras, que chegam a custar R$ 580.

Cada um dos pequenos boxes é de uma marca diferente, fazendo com que a loja ofereça sempre um mix bacana de produtos autorais, interessantes.

Para os artistas, é a oportunidade de fazer seus produtos chegarem ao consumidor. Para a gente, a oportunidade de encontrar mil coisinhas diferentes no mesmo lugar. Sem falar que o vai-e-vem de artistas por lá transforma naturalmente a Endossa em um lugar alto atral.

A iniciativa vem de São Paulo, onde já existem duas lojas. O contato com os artistas é super descomplicado e o negócio só obedece a uma regra de base: a partir do terceiro mês na prateleira, a marca tem que vender por mês pelo menos  uma vez e meia o valor do aluguel para continuar a ser endossada pela loja. É uma forma fazer o mix de produtos girar e garantir aos consumidores que só continua tendo espaço aquelas marcas que todo mundo está curtindo.

Bora?
Endossa Loja Colaborativa
CLS 307 Bloco A loja 33
3242-2972
Seg. a sáb., 10h às 20h.
bsb.endossa.com

Piquenique e arte no Jardim Botânico

Essa mania preguiçosa de frequentar os mesmos lugares é terrível. Vivemos reclamando que não tem nada de novo pra se fazer, e vivemos não fazendo nada de novo por opção própria. Sempre senti vergonha, por exemplo, de não conhecer direito o Jardim Botânico – lembro de ter ido uma única vez, há mil anos. Quando finalmente voltei, a vergonha aumentou. Por que, afinal, não aproveitei mais esse lugar?

É uma delícia passar o dia lá, caminhando, batendo foto ou fazendo um piquenique com os amigos. Existe uma área específica pra piquenique, aliás, com mesinhas de madeira à sombra de pinheiros enormes. Fui em uma sexta-feira emendada pelo feriado e só tinha uma mesa ocupada. Tranquilidade absoluta. Mas dá pra colocar a toalha e a cestinha em outros lugares, é só explorar o território. O orquidário, o jardim japonês, o mirante… Vale a pena ir com tempo e caminhar com calma.

Até 30 de setembro, outro motivo para ir ao Jardim Botânico é o projeto “Galeria Aberta – I Festival de Land Art de Brasília”. Desde o começo de junho, 12 artistas estão exibindo obras ao ar livre, integrando arte com natureza (a tal land art: fusão entre a obra e o terreno natural). Quem já foi a Inhotim, em Minas, sentiu o poder transformador dessa interação.

Fiquei empolgada com a tentativa de transformar uma área verde de Brasília em museu a céu aberto, imaginando como seria lindo isso no Parque da Cidade, nas pracinhas das superquadras, no cimento sem fim do Niemeyer. Tirar as obras de arte do ambiente fechado e gelado das galerias é um presente à cidade.

Onze artistas e um coletivo participam do Galeria Aberta: André Ventorim, Elyeser Szturm, Geert Vermeire (Bélgica), Jimmy Christian, João Queirolo, Karina Dias, Nuara Vicentini, Rodrigo Paglieri, Samuel Guimarães, Thomas Neumaier (Alemanha), Túlio Pinto e o Coletivo Tuttaméia, formado por Fernando Aquino e Márcio Motta.

Quer saber mais sobre eles? Clica aqui.

Bora?
Jardim Botânico
SMDB conj. 12 – Lago Sul
Terça a domingo, 9h às 17h
Tel. 3366-2141

Cirurgião do violão


– O que foi isso, menina?

– Amigo bêbado… conhece?

– Ô se conheço! Isso é meu ganha-pão!

Pois foi assim que eu cheguei na oficina do Eduardo Brito com o violão que foi do meu pai, entre preocupada e chateada, e saí de lá tranquilizada: havia salvação. Dito e feito – uma semana e meia depois meu companheiro de farras estava de volta, quase como se nada nunca tivesse lhe acontecido.

Luthier desde 1997, Eduardo Brito era músico profissional até decidir se dedicar ao restauro e à construção de instrumentos. Autodidata, ele se profissionalizou com um curso no Canadá – e hoje fornece violões, violas e violões de sete cordas para alguns dos mais exigentes músicos da cidade.

A oficina dele é o endereço certo para quem precisa de um instrumento realmente especial, em madeiras de lei e raras, com qualidade sonora muito superior aos violões fabricados em série. Bom, e também para amadores que eventualmente enfrentem probleminhas de percurso com seus companheiros de boemia.

Bora?
Eduardo Brito Luteria
SHIN QI 8, Conjunto 9, Casa 16,
Lago Norte, Brasília, DF, Brasil
Tel. 3368.4759
http://www.ebluthier.com.br
ebl@ebluthier.com.br

Em Brasília como os romanos

Vou te dar um conselho de amiga: numa dessas tardes bem quentes da seca, pare o que estiver fazendo e vá à 104 sul. Entre na Cremositá e, vá por mim, escolha o de pistache. Ou o de banana com (muito) chocolate. Se você for frutífero, prove o de morango sem leite.

Dá vontade de nem falar mais nada, porque o sabor do sorvete Cremositá é auto-explicativo. É bom. É cremoso. É leve.

Os sabores chocolatentos são generosos, puxentos, deliciosos sem ser doces demais. Os sorbettos, sem leite, colocam o sabor da fruta em destaque, transformando morango ou maracujá em verdadeiras experiências.

Tem toda uma técnica por trás, que o Rafael Faria, jornalista que se inventou uma segunda vida de mestre sorveteiro, foi lá na Bolonha aprender. E que ele coloca em prática com ingredientes frescos ultra-selecionados – basta dizer que a Cremositá não usa gordura hidrogenada e  traz o doce de leite da Argentina, o pistache da Sicília e a baunilha de Madagascar.

Mas, na boa, a técnica interessa aos técnicos. O que eu quero saber é de uma casquinha caprichada – cookies por baixo, tiramisu por cima.

Bora?
Cremositá
CLS 104, bloco A, loja 9
(61) 3225-0329

Minha vida é andar por este país


Quando me perguntam de onde sou, costumo dizer que sou uma candanga de sangue piauiense. E como acontece em toda – ou quase toda – família nordestina, Luiz Gonzaga fez parte da trilha sonora da minha infância.

Minha vida é andar por este país, pra ver se um dia descanso feliz, e já imagino minha mãe puxando uma das filhas pra dançar forró na sala, em uma festinha de aniversário ou depois da ceia de Natal (sim, Gonzagão e Natal são totalmente compatíveis). Reza a lenda, inclusive, que minha música de ninar oficial era Samarica Parteira, um forró frenético e meio bizarro que me fazia dormir em dois segundos.

Como não existe música ruim desse poeta do sertão, é improvável que o evento do CCBB não valha a pena: 100 anos do Gonzagão, com shows até o dia 15 de julho e direção musical de Daniel Gonzaga, neto do próprio e filho do Gonzaguinha.

A festa começou neste domingo (24), com quadrilha e Moraes Moreira no palco ao ar livre, mas continua no teatro do CCBB. É uma boa mistura de gerações, de estilos e sotaques. Deve sair coisa boa quando juntar o pernambucano Otto e a turma do Casuarina, representante do samba da Lapa.

E pra quem tem um vínculo mais emotivo com Luiz Gonzaga, o último show tem um detalhe especial: três filhos do Gonzaguinha vão estar no palco. Daniel Gonzaga, Fernanda Gonzaga e Amora Perâ – essas duas fazem parte do grupo As Chicas.

Agora, é bom correr, porque os ingressos dos primeiros shows, com Chico César, já esgotaram. Os da segunda leva (Otto, Bebe Kramer e Casuarina) começaram a ser vendidos no domingo e devem acabar rápido. O teatro é pequeno e, além disso, o preço é camarada: R$ 6 a inteira.

Dias 29, 30/6 e 01/7
“Só deixo o meu cariri…”
Chico César (voz, violão), Marcelo Caldi (acordeon, piano) e Quinteto da Paraíba (quinteto de cordas: violino, 2 violas, cello e contra baixo)

Dias 6, 7 e 8/7
“A volta da Asa Branca”
Com Otto (voz), Bebe Kramer (acordeon) e Casuarina (violão, cavaquinho, pandeiro e voz, bandolim, tan tan e voz)

Dias 13, 14 e 15/7
“A Hora do Adeus”
Com Daniel Gonzaga (violão e voz) e As Chicas (voz, sanfona, contra baixo e bateria)

Bora?
CCBB
Bilheteria – terça a domingo, das 9h às 21h.
Ingressos: R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia)
Tel. 3108-7600