Meu artista preferido no meu espaço cultural preferido

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A subjetividade da arte é uma coisa que me emociona: enquanto tem gente que ama quadros abstratos (um retângulo vermelho e só), tem outros que endoidam numa fotografia de natureza, gente que viaja na sensibilidade da aquarela, outros que só admiram pinturas bem realistas, acadêmicas. Eu adoro desenho. Adoro o traço sobre o papel. E, de todo mundo que faz isso aqui em Brasília, meu favorito disparado é o Virgílio Neto.

Comecei falando da subjetividade porque quando fui contar pra Dani, toda empolgada, que está rolando uma exposição dele na Funarte, ela me disse: sabe que eu nem curto muito? E foi instigados por esse comentário que meus olhos foram conferir a exposição, me perguntando porque eu adorei tudo o que eu vi do Virgílio até hoje.

A conclusão que eu cheguei é que o Virgílio desenha. Ponto. Ele consegue colocar no papel o que o desenho tem de melhor: um snapshot da realidade no calor das emoções, a visão de um expectador sagaz traduzida por mãos de artista. Fragmentos de frases, pedaços de quadros, partes de retratos de pessoas.

A exposição Ausente, Presente passa em revista viagens que o artista fez para lugares bem diferentes: do Brasil profundo a metrópoles canadenses. Nas obras que parecem saídas das moleskines que ele carregava no bolso, polaroides da realidade com um traço artístico te fazem pensar sobre seu lugar no mundo.

Este sábado acontece o lançamento do catálogo e um debate com o curador da mostra – algo que eu talvez nem mencionasse se o tema proposto não me parecesse tão interessante: arte, missão falida. Fiquei bem a fim de ouvir e discutir este tema, tendo como pano de fundo a viagem que o Virgílio nos deu de presente.

Um comentário à parte: como é legal a Funarte, né? Eu devia ir mais lá.

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Bora?
Ausente, Presente
Exposição de Virgílio Neto, até 24 de novembro
“Arte, missão falida”, bate-papo com o curador Paulo Myiada
Sábado, 16 de novembro, às 17h
Galeria Fayga Ostrower, no Complexo Cultural Funarte Brasília
Eixo Monumental, Setor de Divulgação Cultural – Brasília – DF (Entre a Torre de TV e o Centro de Convenções)
Informações: 3322-2076 / 3322-2029

Talvez Brasília não seja pequena

A Dani ri de mim quando eu falo que quando uma obra te incomoda significa que é arte. Pra mim, emoção é para os fracos, coisa de novela e propaganda. Arte incomoda – tira você do lugar onde estava e coloca em um outro, cria conexões, te faz pensar.

Confesso que já estava inclinadíssima a falar do lançamento do livro do Virgílio Neto antes mesmo de conhecer melhor a obra dele. Os poucos desenhos que tinha visto no Ideia Fixa já tinham me deixado curiosa – mas espiar o livro dele lançado pela Bolha editora, “Talvez o mundo não seja pequeno”, me deixou ainda mais empolgada.

O Virgílio é de Brasília e já foi designer comercial, até investir mais pesado na própria arte e enveredar por um trabalho mais autoral. Acho as temáticas dele muito intensas: crianças, um toque clownesco bizarro, gente do avesso, gente inacabada – tudo composto de um jeito leve e forte ao mesmo tempo. Para chegar lá, ele passeia pelo desenho puro e duro, passa docemente pela aquarela e aceita interferências como costura e colagens.

Ou seja: é bonito, é novo e é arte. E é genuinamente brasiliense, coisa que deve – e vai – ser celebrada.

No sábado rola a abertura da exposição dele “Tudo quer ser”, junto com o lançamento do livro e de uma nova revista, batizada de Sem Registro. Quer mais um motivo? O evento acontece no espaço Laje, uma casinha delícia na W3 sul, com um astral genial. Oportunidade rara de badalar, ver – e de preferência, comprar – lindezas moderna e autenticamente nossas.

Bora?
Virgílio Neto & revista Sem Registro
Sábado, 24 de novembro
Das 16h às 22h
Espaço Laje
SHIGS 708 Bloco A Casa 47