Um site de móveis e decoração só nosso

dfeito

Outro dia descobri que sou uma designer de objetos frustrada. Acho um barato o processo de criação de uma coisa qualquer, especialmente móveis, minha paixão platônica preferida desde que saí da casa dos meus pais. No momento em que tive de preencher aquele espaço vazio (minha casa) do jeito que me desse na telha, desenvolvi um vício: sites de móveis e decoração.

É um movimento involuntário, tipo abrir o whatsapp e o instagram, sabe como é? Bastam dois segundos de ócio e já estou com um site de móveis na minha frente, olhando mil fotos , tendo mil impulsos, mas raramente concretizando as paixões  – para o bem da minha saúde financeira.

Por isso fiquei tão feliz quando soube que a Dfeito, marca que já esteve por aqui, está lançando um site. Porque sempre me incomodou saber que todas as fontes do meu passatempo visual favorito estão fora de Brasília. Todas as vezes em que você vai atrás de um móvel bacana ou de um objeto de decoração lindo pra sua casa, onde você procura? Em sites de fora ou em lojas da cidade que vendem produtos… de fora.

A ideia da Dfeito é muito bacana e algo me diz que pode ser só o começo de um movimento maior: reunir artistas e designers da cidade em um único canal de venda, pela internet. Além dos móveis customizados da Nina Coimbra, o site da Dfeito traz objetos de outros artistas, como os quadros de fotografia do Patrick Grosner e de ilustração do Leandro Mello.

Quero mais é que todos as coisas lindas de Brasília caiam na rede. O Brasil inteiro vai poder comprar, sim, mas o mais importante é que a cidade vai descobrir o que está sendo produzido aqui, bem na frente dos nossos pilotis, e quase ninguém vê.

Bora?
O lançamento oficial do site vai ser segunda-feira (14/10), no Loca como Tu Madre (306 sul).
Das 19h às 21h, é só para convidados. Depois, a festinha abre pra todo mundo, com venda de algumas peças do site.
Vai lá: http://www.dfeito.com.br

Hoje é dia de Dom Pedro

Hoje, em pleno feriado da Proclamação da República, nasce a Dom Pedro Discos, uma loja de vinis bem selecionados que vai abrir espaço também para a venda de trabalhos de artistas da cidade, incluindo os móveis da Dfeito e a arte de Pedro Ivo Verçosa, Virgílio Neto e Joana França, só pra citar alguns.

Na Dom Pedro, uma coisa raríssima, quase estranha, vai acontecer: o valor que você der pela obra vai todo para o artista. A loja não vai cobrar comissão. “Acho que abrir negócios só pra ganhar dinheiro não é muito animador, prefiro incluir alguma contribuição artística e social pra cidade”, diz o sócio Henrique Montenegro, me deixando feliz com o mundo das exceções.

Professor de História, Henrique começou vendendo discos pela internet e na sua banquinha, em eventos. Cansou de não encontrar LPs de qualidade nos sebos da cidade. “Se você quiser comprar um disco dos Mutantes, por exemplo, melhor esperar sentado”, reclama, prometendo mudar isso a partir de hoje.

A Dom Pedro vai ter LPs novos, nacionais e importados, e discos usados também. Pela listinha de jazz que ele postou no face, dá pra ver que existe um padrão de qualidade ali. É esse acervo que vai ser usado pelos DJs no coquetel de inauguração hoje, às 19h. Você vai poder sair de lá com a trilha da festa, o que é um perigo pro seu cartão de crédito.

Bora?
Dom Pedro – Arte, Objectos & Discos de Luxo
412 norte, bloco C, loja 20
Coquetel de inauguração
Hoje, 15/11, às 19h
DJs: Rafael Oops (Criolina), Elefunk (MiguelFerreira), ClaudioBull (DaSilva/Superquadra), Gas (DomPedro) e J.Praxis (Sexy Fi).
Página do evento: aqui

Lambe-lambe pra esquentar a relação

Faz alguns meses que a minha relação com a casa anda um pouco abalada. Nada de grave, a gente ainda se ama, mas sabe quando a coisa dá uma acomodada? Quando o olhar já se acostumou com as qualidades e pede novidade? Ando assim, meio distante, tentando encontrar um jeito de reascender essa história, sem saber por onde começar.

Enquanto não chego a certeza nenhuma, resolvi retomar o nosso espaço “faça você mesmo” e sugerir uma mudança na sua casa. Já que eu não consigo resolver o meu problema, quem sabe ajudo a resolver o de alguém. Vai que você tá aí, na mesma crise existencial que eu, né?

A sugestão é a seguinte: usar lambe-lambe no lugar de papel de parede. É baratíssimo, fácil de aplicar e ainda fica bonito. Tudo o que você precisa é:
– uma vasilha ou bacia
– diluir cola branca em água, na mesma proporção: se usar 500 ml de cola, diluir em 500 ml de água
– e um rolo de espuma para pintura.

A estética lambe-lambe, que tem origem na propaganda popular (o bom e velho cartaz de muro), é uma coisa meio roots. Acabamento mal feito, letra borrada, desenho com falhas. E, por algum mistério do universo, esse é que é o charme da história. No processo original, o cartaz é impresso em uma máquina super antiga, que vai carimbando um rolo imenso de papel – não sei se isso ainda existe em Brasília, se alguém souber, avisa!

Mas você pode criar a estampa que quiser e mandar imprimir, e nem precisa ser na tipografia clássica do lambe-lambe. Eu já vi gente usando papel de jornal e estampa geométrica que, no fim, parece um papel de parede mesmo. Dá pra usar até papel de presente.

Quanto mais fino o papel for, mais enrugadinho ele vai ficar quando você passar a cola com água – o enrugado faz parte da personalidade do lambe-lambe, e eu acho lindo. Também é possível comprar pronto, algumas lojas vendem pela internet (como esta), mas aí vai encarecer o processo.

Galeria
No meu caso, consegui alguns quando fui a São Paulo e visitei a galeria Choque Cultural. Eles costumam divulgar, na fachada da própria galeria, as exposições com esse tipo de cartaz. Aí perguntei, como quem não quer nada, se não tinha sobrado algum lambe-lambe de mostras antigas. Pra minha sorte, tinha, e de vários tipos diferentes.

Chamei duas irmãs pra me ajudar na tarefa e a gente passou uma tarde cortando, colando e se divertindo. No começo, achei que daria pra calcular, previamente, o resultado final. Cheguei a fazer um teste no chão, usando as dimensões da parede, mas quando começamos percebi que tinha de mandar o TOC pro espaço e seja o que deus quiser. Fomos montando na intuição, até preencher a parede toda, e ficou melhor do que imaginava.

A ordem das coisas é: passar o rolo na mistura de cola com água + passar o rolo na parede + colocar o papel + passar o rolo novamente em cima do papel. Repita essa ordem com todos os papéis, e pronto. A parede dura – a minha já tem dois anos e tá ótima – e dá uma esquentada na sua relação com o apê.

     

Azulejo antigo no apê alugado

Era a minha primeira vez morando sozinha, leve e solta, e um dos maiores prazeres nisso foi poder montar o apartamento do meu jeito. E descobrir que jeito, afinal, era esse. Uma viagem individual e meio egoísta, talvez, mas bem divertida.

Uma das primeiras conclusões foi que tenho um transtorno obsessivo-compulsivo por azulejo antigo. Diagnóstico feito, fui à W3 atrás das lojas que ainda vendem alguns originais da década de 1960 e 1970 (os endereços estão logo abaixo). Tem que ter um pouco de paciência e sorte pra achar um inteiro, que não tenha uma lasquinha aqui e ali, mas é possível. Agora, se tiver preconceito com quilos de poeira, é bom ir com máscara.

O problema é que em apartamento alugado não dá pra quebrar tudo e fazer de novo. Eu sabia que a parede azulejada dos sonhos ficaria pra depois, mas resolvi que a cozinha teria pelo menos um detalhe que representasse isso.

Comprei uns 20 azulejos antigos, um diferente do outro (cada um foi R$ 5), e pensei em emoldurar e pendurar na parede, mas foi o seu Suzuki, um super faz-tudo, quem deu a dica: eu poderia colar o azulejo colorido em cima do branco e, depois, quando fosse embora do apartamento, daria pra descolar sem quebrar o de trás.

A receita é simples: cinco pingos de silicone (um em cada canto do azulejo e um no centro). É só encaixar em cima do azulejo branco e dar uma pressionada. Para o azulejo não escorregar e sair do lugar, passei algumas tiras de fita crepe em cima, logo após a colagem, e tirei um dia depois, quando o silicone já estava seco e firme. Por último, é bom passar um rejunte neles, pra ficar mais bonitinho.

E quando eu tiver que sair do apartamento? Quando quiser tirar os azulejos antigos, basta passar uma espátula por trás e raspar o silicone até sair. Pelo menos foi isso que o seu Suzuki me disse. Eu acreditei!

Não ficou perfeitinho, é claro. Dá pra ver que os azulejos estão sobrepostos e, como os tamanhos de cada um variam um pouco, eles ficaram ligeiramente desalinhados em relação aos azulejos brancos da parede. Mas bobagem… O que importa é que a cozinha não precisa ser minha pra ter um pouco de mim.

    

Bora?
Azulejos Antigos
712/713 Norte, bloco A
Seg. a sex., das 8h às 18h, sáb., das 8h às 13h
Tel. 3347-0066

Arte Decora – Azulejos e Pisos Antigos
514 Sul, bloco C
Seg. a sex., das 8h às 18h, sáb., das 8h às 13h
Tel. 3443-0101

Multicoisas  (silicone em bisnaga, fita crepe, rejunte e espátula)
Asa Norte: 307, bloco C, tel. 3522-2090
Asa Sul: 312, bloco A, tel. 3345-2641
Lago Sul: QI 05, Bloco F, tel. 3364-0905
Taguatinga Shopping: tel. 3352-7231

Do lado de dentro

Como anda a sua Brasília de dentro?

Se tem uma coisa que a cidade ainda oferece, apesar da especulação imobiliária, são casas e apartamentos legais com janelões, ambientes frescos e confortáveis – e, com alguma sorte, um piso de taco. A nossa casa – seja uma quitinete ou uma mansão – é sempre uma etapa fundamental para estarmos bem. Com um ninho confortável, ainda que seja simples, tudo pode estar terrível lá fora, não importa – você tem pra onde voltar.

É por acreditar nisso – e porque, vai, eu adoro fazer coisas – que propus pra Dani um espaço faça-você-mesmo aqui no blog. Onde a gente possa trocar ideias de coisinhas simples de decoração pra fazer Brasília mais gostosa também dentro da sua casa.

A primeira ideia que divido com vocês eu encontrei numa loja em Londres, mas não me animei a executar até esbarrar com um tutorial no Pinterest: palavrinhas feitas de prego e linha.

Pra mim, a parte mais difícil foi escolher a palavra perfeita pra pregar na minha parede. Superada esta etapa, cometi um preciosismo: com um spray, pintei os preguinhos de dourado, já que eles são protagonistas deste projeto e não mereciam ficar feiosos.

Depois imprimi as letras do tamanho que eu queria. Preguei os moldes na parede com fita adesiva e marquei com o martelo e o prego cada vértice onde eu pregaria o prego. Primeiro de levinho, só pra marcar o furo. Depois eu tirava o papel e martelava pra valer. Por último, foi só fazer passar a linha, três voltas em cada letra, pra fazer esse efeito meio tridimensional, se é que vocês me entendem.

Voilà. Ficou fofo, não ficou? E vocês, têm outras ideias?

 

Bora?
Fios: Armarinho Milano
CLS 306, bloco B, loja 34
3443-2310

Spray e pregos: Leroy Merlin
SMAS Trecho 3 (em frente ao Parkshopping)
3701-7200

O paraíso da velharia

Esse é o tipo de loja que me deixa confusa e me faz sofrer. Veja que não me importo de passar esse tipo de sofrimento pra frente, portanto, aí vai: a Relicário Antiguidades é um paraíso pra quem gosta de velharia, como um amigo insensível chama meus objetos de desejo (ei, é você mesmo). O lugar é imenso, vá com tempo. É um galpão com centenas de móveis, peças de decoração e quinquilharias de todos os tipos.

Tive uma paixão reprimida nesse lugar. Uma cadeira estilo xerife, de madeira e com estofado de couro vinho, linda de morrer. Estava a ponto de cometer uma loucura quando o vendedor, certo de que iria me conquistar de vez, revelou que a cadeira havia pertencido a um tal militar ex-presidente da República. Vivo divulgando que sou 100% cética, mas nunca se sabe, né. Por via das dúvidas, achei melhor afastar essa urucubaca da ditadura da minha casa.

Voltando ao sofrimento… O problema da loja é a quantidade de coisas lindas e os preços quase nunca generosos. Gostar de antiguidade é um destino cruel, ainda mais em Brasília, cidade jovem e com poucos objetos antigos dando sopa por aí, o que naturalmente inflaciona o mercado.

Na Relicário, pelo menos, é possível pechinchar – a mãe da dona, que está sempre por lá, parece ser dura na queda, mas tem disposição pra negociar. Além disso, eles costumam promover leilões de vez em quando, vale ficar de olho. É de lá que saiu essa penteadeira linda da foto, que hoje mora na casa da minha irmã.

Bora?
Relicário Antiguidades
508 sul – Bl B (tem entrada pela w3 e pela w2)
De seg. a sex., das 9h às 18h, e sáb., das 9h às 14h
Tel. 3443-0125